terça-feira, 17 de maio de 2011

Mais Daniela, menos Beny

Amanhã completa um mês que estou em terras porteñas. Acho que já passei por todas as fases de quem está longe de casa, mas o melhor de tudo é poder observar um pouco mais minha relação com o mundo, bom, umas contatações são bem obvias, aqui me dá uma vontade incrível de fumar, mas não fiz isso, dá vontade mas sei que não há necessidade, logo não tem pra que fazer. Volto a dizer que parece muito São Paulo, mas com mais açúcar, no sentido das pessoas serem bem menos agressivas num primeiro contato, também aqui tem gente da América Latina inteira, vai ver que eles estão mais acostumados...

Por incrível que pareça tô enjoando mais ainda de coisa doce e tô pegando um certo nojinho de carne vermelha [nunca na minha vida pensei que eu fosse dizer isso], mas continuo comendo. Me sinto mais bonita, sem nada em especial, apenas mais bonita, acho que isso deve ter alguma coisa haver com autoafirmação ou as conquistas pessoais mesmo, sei lá, talvez eu esteja me sentindo mais segura de mim.

Aqui ninguém me chama de Beny, aqui eu sou Daniela, não sei se há de fato uma diferença entre ser chamada por um nome ou pelo outro, minha mãe escolheu os dois com tanto carinho que não abriria mão nem de um nem de outro. Mas de qualquer modo é bom ser chamada de Dani de novo, parece mais carinhoso, porque é diminutivo mesmo, não é nome.

Não dá pra separar quem é Dani de quem é Beny, não são duas pessoas diferentes, não tenho dupla personalidade, não posso dizer qual território pertence a cada nome, afinal são um nome só por fecharem um sentido que se complementa, de um lado Deus é meu juiz por outro sou abençoada por Deus, logo não tenho para onde fugir, porque me sinto sim uma abençoada [no sentido de que não posso reclamar da minha sorte, das oportunidades que aparecem na minha vida] e ao mesmo tempo à um compromentimento meu em fazer o máximo para ser justa.

Acho que tô me sentindo mais mulher, não como em São Paulo, que foi uma questão de reconhecimento de identidade de gênero, nesse caso, mulher no sentido de me dar conta que não sou mais adolescente, que já tenho 27 anos e que minhas responsabilidades são MINHAS, não é me cobrando que nesse momento deveria estar casada ou com três filhos como algumas amigas minhas da época de escola, mas que dentro do meu campo de trabalho não cabe mais o comodismo de fazer depois. O tempo passa a ser urgente, mesmo que busquemos o não-atropelo. Pelo o que vejo, preciso de cidades mais aceleradas pra não me sentir correndo demais, aqui me sinto no tempo certo.

Vejo aqui situações que não veria estando em Maceió, situações que necessitam de um certo distanciamento, e penso se essas coisas que não me agradam eu realmente necessito mante-las em minha vida, já aprendi a dizer não a muita coisa, tem outras que no máximo consigo dizer talvez, mas em alguns momentos não dá pra haver um entre, é necessário dar uma resposta, e como toda resposta, sempre vai correr o risco de desagradar a alguém.

Claro que sempre é tempo de aprender, mas acredito que está chegando o momento de também ensinar, compartilhar, me tornar mais generosa e ao mesmo tempo mais egoísta, saber quando e pra quem dizer não,  saber dizer quanto custa.

A mochila continua nas costas, os AllStar nos pés e os óculos voltaram a ser os redondos, não sei efetivamente o que mudou, mas sei que algo foi transformado, minimamente mas foi, talvez alguma quebra de pré-conceito ou algum conceito já formulado. Nada passional ou emotivo, tem haver com razão mesmo, sem romantismo [como se eu fosse romântica ao extremo né]. Quero manter esse "estado" quando voltar a Maceió, independente de na embalagem vir escrito Dani ou Beny.

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