quarta-feira, 29 de junho de 2011

BUENOS AIRES 2011: 13ª atualização

Eu e Andrey
Ui, as temperaturas estão baixando e estão baixando com gosto, mas esse primeiro fim-de-semana do inverno foi muito especial pra mim, pois, meu querido amigo Andrey Melo, meu Deus do Céu, Buenos Aires nunca foi tão divertido quando nesses dias, claro que dá pra se divertir horrores sozinha, mas entre amigos é muito mais gostoso. Juro, se pudesse organizava linda uma excursão só dos meus amigos mais queridos pra passar o começo do Outono nessa cidade, tudo aqui fica tão charmoso. 

Por sugestão de uma amiga de meu amigo, Sexta-feira nossa primeira parada foi num restaurante nipônico-peruano chamado Páru, em Palermo, bom, comida japonesa é cara em qualquer lugar do mundo [talvez no Japão não seja], mas a comida de lá é muito boa, a gente comeu uns sashimis de salmão com molho de maracujá que parece coisa de outro mundo de tão gostoso, só não tento fazer isso em casa porque sou uma tremenda negação na cozinha, senão...

Nossa segunda parada da noite, AMÉRIKA, tudo bem que foi a terceira vez que eu fui lá, mas pareceu ser a primeira, não sei o que aconteceu, tava mais cheio, as pessoas estavam mais descontroladas, ou era porque estava em boa companhia dessa vez. Na verdade, eu reparei que determinadas coisas só podem acontecer mesmo nessa cidade, acho que Maceió não tem tamanho pra certas pirações, como diz a música "... la gente está muy loca..." [videozinho abaixo, porque eu nem sei se em Maceió essa música toca].


Tem muita música que eu sei que não tá tocando ainda em Maceió, e é muito engraçado encarar uma noite inteira nas boates daqui porque toca de Madonna até bom, Kuduro, e as pessoas absurdam nesses outros ritmos, teve uma hora que tava tocando um bate estaca da época da Heaven [eu tô ficando velha] que quando eu olhei ao redor só tava Andrey e eu dançando. Enfim, gosto é feito braço...

Só não gostei desse
gordinho no meio da foto

Sabadão de molho, Domingo me joguei na Feria de San Telmo mais uma vez, só que em sessão regalitos, chegando a Plaza de Mayo, tive uma grata surpresa, uma solenidade militar, com direito aos soldados em traje de gala, tocando, cantando e em alguns momentos fazendo coreografias, não gosto muito dessas coisas militares não, mas me pareceu tão cênico que eu parei pra olhar, queria ter filmado, mas se tivesse feito isso não dava pra fotografar.

Por ser inverno a luz do Sol vem numa angulação linda, parece capaz de deixar quase qualquer foto ótima, quem tem olhos mais treinados pra isso deve fazer a festa nas proximidades dos polos no inverno. Por outro lado, esse mesmo inverno está me despelando as mãos e me queimando os lábios [nessas horas acho ótimo não estar namorando], não me assustaria se em breve eu começasse a usar batom.

Pré-Brujas
Pra terminar a noite fomos ao Complejo Brujas Madagascar, eu já tinha ido pra o bar, dessa vez conheci a disco, MUITO BOM, fica em Palermo Soho, a parte disco funciona 364 dias por ano, só fecha dia 1º de Janeiro, do mais funciona o ano todo, independente de frio, chuva, calor. Não sei como funciona o sistema de entrada, mas pelo o que consumimos o máximo que foi gasto por cada daria uns R$20,00. Piração total, pizza boa, cerveja ótima, no meio da noite começou a tocar música eletrônica, teve um strip-tease quase total de uma menina [linda e não-vulgar] e a gente na pista. Bom, essa balada não é GLS, mas dá pra se divertir de boa, não fomos hostilizados em momento nenhum e deva pra identificar alguns casais gays [discretíssimos, claro]. 

Acho que pra noite ter ficado perfeita faltou meu querido amigo Maurício Ebbers, não posso ouvir Shakira que lembro dele, só estando longe de casa pra gente ter uma noção do que sentimos mais saudades. Esse fim de semana foi pouco teatral, mas acho que foi o que mais se aproximou da minha vida em Maceió.

Buenos Aires vai deixar saudades!


terça-feira, 28 de junho de 2011

Inverno

Vento frio... só ele e a luz do Sol que nada aquece
Meu rosto descoberto só o mínimo para que possa respirar
Rostos que nunca mais verei na minha vida, e caso venha a ver, não reconhecerei.

Vento frio... minha pele craqueando como algo que congela
Minhas mãos cobertas, quase não sinto nada ao tocar
Calor de corpos que não estão próximos ao meu, corpos que nunca vão estar.

Vento frio... abaixo de zero
Meus lábios queimados, rachados por um não-bom motivo
E a lembrança de outros lábios que nem cheguei a beijar.

Vento frio... eu escolho, eu elejo.
Minhas camadas de vida, de tecidos, de texturas,
Minha superfície de estações mais amenas.

Vento frio... pra mim meu inferno é o inverno.





sexta-feira, 24 de junho de 2011

BUENOS AIRES 2011: 12ª atualização

O último dia possível
de sair na rua sem jaqueta
Bom, nem sei exatamente o que eu pretendo falar hoje, tenho saído pouco e o fato de estar se aproximando o dia de regressar à Maceió também me deixa um pouco preguiçosa. Também não caberia comentar sobre o amor da minha vida encontrado fim-de-semana passado porque já escrevi sobre isso, e enfatizando mais uma vez AGORA SIM EU ACREDITO EM AMOR A PRIMEIRA VISTA, enfim, vamos ao que interessa, quero muito compartilhar o último dia do Outono aqui no Hemisfério Sul (dia 20 de Junho). 

Na Argentina esse dia é feriado, dia da Bandeira, esquecendo desse fato fui para o Jardim Botânico de Buenos Aires, eu já tinha ido lá antes, mas sem máquina fotográfica, seguramente é um dos lugares mais bonitos dessa cidade, primeiro pela natureza como um todo e segundo pela quantidade de obras de arte espalhadas pelo Jardim, claro que tem outros lugares na cidade que são parecidos, mas dentre os que eu conheci esse é o mais mágico e pra minha grata surpresa a natureza resolveu ajudar no registro da magia desse último dia do Outono, desde sempre essa foi a estação do ano que eu mais gostava, mesmo tendo nascido em Maceió, uma cidade que só tem períodos de calor com chuva e períodos de calor sem chuvas.

Acho o Outono charmoso, dá um ar meio bucólico as cidades grandes e aqui como tem muitas árvores, as ruas ficam cobertas com um tapete dourado das folhas das árvores caídas no chão. O Outono parece ser uma espécie de Fênix das estações do ano, claro que é o prenúncio do cinzento e depressivo Inverno, mas quando o Sol parece, os raios parecem mais dourados, mais bonitos, mais precisos, como se descortinasse a beleza natural entre as frestas de concreto. Passei aqui dois terços da estação e fiquei maravilhada, me sinto bem em climas menos quentes e por esse tempo que estou aqui, percebo que já estou mais acostumada ao frio.

Só pra vocês terem uma noção da quantidade de folhas
Tenho medo do Inverno porque tenho medo da depressão, assumo, tenho meio da linha tênue que nos mantem sãos mentalmente, por mim do Outono partiríamos direto para a Primavera, mas tudo necessita de equilíbrio e respeitemos o tempo que a natureza tem.
  
Acho que o Outono me desperta paixões, me inspira, o clima é ameno, o vento ainda não é tão frio e o Sol não é mais tão forte. Dá pra tomar um café sem morrer de calor e dá pra tomar sorvete sem congelar por dentro. É um clima que você corre e não transpira, que dá vontade de seguir pelas ruas andando por horas e horas se não estiver chovendo. Gosto de me relacionar com a cidade e gosto mais ainda quando o clima converge pra essa relação. Já amo Buenos Aires como amo São Paulo. Quero outros Outonos em outras cidades, quero saber como isso chega em mim, como me influencia como mulher e como artista. 

domingo, 19 de junho de 2011

Parecia filme...

Cheguei ao local, debaixo de chuva, o céu parecia ter uma estrobo de tanto que piscava com os relâmpagos. Encharcada do meio da coxa pra baixo, paguei, recebi o troco, meu dinheiro caiu, me abaixei, peguei o dinheiro, me levantei...

Botas creme, calças que não lembro a cor, camisa, casaco azul com cinza, as mãos seguravam um revista, no polegar da mão esquerda um anel prateado, no dedo médio da mão direita um anel vermelho de acrílico, unhas curtas, bem feitas mas sem pintar. Cachecol colorido. Lábios com gloss rosa, bem clarinho, nariz fino, lindo. Cabelos curtos, castanho claro. E mesmo tendo observado tudo isso, não sei qual seu nome. Linda, linda do tipo que normalmente não olho tanto. Meu coração na hora acelerou, sem nenhum motivo aparente. Eu nunca consegui observar tanta coisa num espaço de tempo tão curto.

Fui para o outro lada da sala, sentei, tirei o livro e o mp3-player da bolsa, olho pra ela, ela olha pra mim, direto nos olhos, tremo, desisto de ouvir música, ela passa pra um lado, passa pra outro, eu sentada estava, sentada continuo, ela toca em meio joelho e senta-se a meu lado. Eu tremo, tento ler o livro de cabeça pra baixo, tensão no ar, parece que a qualquer momento, qualquer uma das duas vai falar alguma coisa... e NADA.

Ela levanta, eu sigo com os olhos, ela pega um cigarro, para na porta, olho pra ela, ela olha pra mim, sorrio, ela sorri de volta, e eu só consigo dizer "Hola", ela sai pra fumar, alguém entra, a porta fica entre aberta, olho, ela está lá, e também me olha. Pessoas chegam e não consigo encontrar mais seus olhos.

Nunca me senti assim, provavelmente eu achei o amor da minha vida dessa semana e sem brincadeira dessa vez. Mas do mesmo jeito que eu nunca senti isso antes, nunca mais vou encontrá-la... bobagem, tudo foi tão bonito que mais parecia filme...



sábado, 18 de junho de 2011

Chico - César dessa vez

Onde Estará O Meu Amor

Chico César

Como esta noite findará
E o sol então rebrilhará
Estou pensando em você...
Onde estará o meu amor ?
Será que vela como eu ?
Será que chama como eu ?
Será que pergunta por mim ?
Onde estará o meu amor ?
Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós
Sós...
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer
Onde estará o meu amor ?

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O que se fala e o que se cala

A: - Você fala tanto, não gosto quando você se cala.
B: - Não se preocupe, não é nada.
A: - Tem certeza?
B: - Tenho, talvez seja só um silêncio que eu tenha guardado pra você (SILÊNCIO CORTANTE)
A: - Isso é bom ou ruim?
B: - É só silêncio.  (SILÊNCIO IMPACIENTE)
A: - Você se cala e eu escuto meus pensamentos sobre você, sua boca, seus lábios se movendo, articulando as palavras que eu nem sei o que significam, mas gosto de te escutar, gosto da sua voz, do som das suas palavras, pode até não ser exatamente o que você pensa, mas tudo parece tão seu que isso me desconcerta... (SE BEIJAM)
B: - Você sempre se cala, me assusta você falar tanto.
A: - Talvez eu tenha algo muito meu que eu queira dizer.
B: - E por que não fala?
A: - Eu tenho medo de você.
B: - Era isso que você queria dizer?
A: - Não. Eu tenho medo de como você vai reagir ao que eu tenho que dizer, talvez por isso eu não fale.
B: - Eu gosto dos seus olhos, o silêncio da sua boca me faz te ver sem sons me interrompendo, e se eu falo tanto é para ver seus olhos olhando pra mim, enxerga-los melhor em todas as cores que possa ter, embora seja uma cor só, gosto da moldura do seu rosto, só falo pra chamar sua atenção, mas hoje eu me calo pra saber se mesmo assim você repara em mim. (SE BEIJAM)
A: - Haveria como não reparar?
B: - Não sei, é você quem me olha. (SILÊNCIO FRIO)
A: - Eu preciso ir embora.
B: - Porque?
A: - Porque é necessário...
B: - Sabe o que o meu silêncio te grita?
A: - Não.
B: - Que eu tenho medo de ficar sem você.
A: - Era disso que eu tinha medo... você fala tanto, não gosto quando você se cala. (SAI)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ella / She / Ela

Lejos de mi, estás en algun lugar
Donde no puedo verte
Pero te siento en el aire
Te veo en mis sueños
Casi puedo tocarte.

For away from me, you stay in some place
Where I can't see you
But I feel you in the air
I see you in my dreams
Almost I can touch you.

Longe de mim, você está em algum lugar
Onde eu não posso te ver
Mas te sinto no ar
Te vejo nos meus sonhos
Quase posso te tocar.

Yo sé que tuyo corazón siente lo mio
Y que tuyos pensamientos saben quien soy
Como si nuestras vidas fueran juntas
Apenas necesitan encontrarse ahora.

I know that your heart feels me
And that your mind know who I'm
Like ours lifes has been together
Only needs find us now.

Eu sei que seu coração sente o meu
E que seus pensamentos sabem quem sou
Como se nossas vidas estivessem juntas
Precisando apenas se encontrar agora.

Soy tuya, sólo encuentrame.
I'm yours, only find me.
Sou  sua, só me encontre.

Escribi en tres idiomas porque yo no sé cual és el idioma que ella habla.
I wrote in three languages because I don't know which language she speaks.
Escrevi em três idiomas porque não sei qual língua ela fala.

BUENOS AIRES 2011: 11ª atualização

Essa atualização eu demorei pra escrever porque estava pensando um pouco nos fatos, nada sério, nada grave, mas foi um fim de semana de muita solidão e saudade, mas não no mal sentido, solidão pra pensar nas coisas com um pouco de distanciamento e poder agradecer a todas as coisas boas que tem surgido na minha vida, e saudades dos queridos amigos/irmãos espalhados pelo mundo, saudades de todos, mas em especial: Pam, Maurício, Carol, Charlene, Udson... amigos queridos que eu queria muito que estivessem aqui comigo curtindo cada momento. Amo muito todos, de verdade!

Bom, essa semana não teremos fotos minhas porque não saí com a máquina fotográfica, mas não faz mal, afinal vocês já estão cansados de ver meu rosto ou meus AllStar.

Cartaz do filme
"Le quattro volte"
Gente, quando eu digo que Buenos Aires é uma São Paulo que fala espanhol e tem mais árvores, não é exagero. Encontrei na quinta-feira um lugar que me lembra muito a capital paulista - pelo qual eu sou apaixonada - fui ao Cine Arteplex Centro que fica numa galeria pertinho do Obelisco, em plena Avenida Córdoba [a correspondente porteña da Avenida Paulista], um lugar charmoso com cara de decadente, o café do cinema tem as fotos de estrelas hollywoodianas dos anos 20 nos encostos das cadeiras, ou seja, você pode tomar um café ou um chá sentado no colo de James Jim por exemplo. O mais bizarro é que como o cinema fica no subsolo, você sente o chão vibrando cada vez que o metrô passa, mas mesmo assim vou ficar freguesa desse espaço. Na galeria, o achado foi uma livraria que só vende livros sobre cinema, não cheguei a entrar pra não correr o risco de perder o filme, mas para os cinéfilos deve ser de cair o queixo.Fui assistir ao filme "Le quattro volte" uma produção conjunta de Itália, Alemanha e Suíça, trata do ciclo da vida em quatro fases, e sem dizer uma palavra nos leva à fragilidade da existência de qualquer tipo de ser. Lindo, tocante, o primeiro suspiro de solidão dessa semana.

Depois do filme devo ter caminhado umas cinco quadras pela Avenida Córdoba em direção ao hostel, as luzes, teatros, cinemas, pessoas, carros, metrô, o frio, me deslocaram no tempo e no espaço, me senti um pouco em São Paulo e sempre estando em Buenos Aires, começo a amar essa cidade como amo sua correspondente paulistana. Gosto de olhar as pessoas nas ruas, andando, com pressa, devagar, passeando, reconhecer sotaques, acentos, imaginar de onde vem, querer saber quem são, cruzando a avenida, acho que as duas frases que eu mais repeti mentalmente foram: Nossa, que bonita! ou então Meu Deus, que coisa estranha! - mas sem necessariamente julgar, só olhando, reconhecendo nessas pessoas talvez um pouquinho de mim. Gosto de me reconhecer nos outros, por mais diferentes que sejamos ainda assim somos todos muito parecidos. E quanto mais eu me afasto de casa, mas me enraízo no meu território, mesmo que ele flutue!

Foto do espetáculo "Quizás"
Na sexta fui assistir "Quizás", num espaço muito bacana chamado Tadron Teatro y Café - uma pena que o blog deles tenha sido removido essa semana, por que já dava pra ter uma noção do local, eles tem uma linha de debates sobre teatro e cidadania e a decoração trás traços da cultura da Armênia, quase enlouqueci que lá lêem a sorte na borra do café, não sei se quero ou não uma consulta, mas seria interessante. Quanto ao espetáculo, meu segundo suspiro de solidão, dois estranhos se encontram, cada um acha que o outro é outra pessoa e aí a história segue, nossa, o ator é muito bom, a atriz eu achei bem possível, mas nada de incrível.

A medida que a solidão me batia a porta, a esperança no amor se fazia presente também, no caminho do teatro pra o hostel devo ter encontrado pelo menos quatro casais com os quais me identifiquei - não preciso entrar em detalhes né - enfim... tem algo de novo no ar, mas ainda não consigo identificar.

Sábado foi um dia inusitado, todo ele, assisti um espetáculo chamado "Fabulário" engraçadinho até, no Teatro El Ojo, ok, montagem de fim de curso livre de teatro, nem bom nem ruim, divertido, não paguei nada pra assistir mesmo, então ainda saí no lucro. Depois, Amerika, mas dessa vez nem foi tão bacana, dancei, mas como era DJ convidado tava bate-estaca demais pra mim, eu fico muito confusa com pessoas modernas, e essa noite foi assim, quem eu pensava que era gay não era, quem não parecia era e eu fiquei na minha, eu e meu terceiro suspiro de solidão.

Voltei pra o hostel, mas antes disso fui tomar café-da-manhã num restaurante aqui perto, eis uma surpresa do destino, passei o começo do meu domingo, conversando com um desconhecido chamado Diego, cantor de tango e bonitão - pois é, se eu gostasse não aparecia um desses. Ele tentando paquerar e eu sendo evasiva, na verdade pensando, pensando bastante, já era dia 12 de Junho, dia dos namorados no Brasil. Voltei pra o hostel num looooooooongo quarto suspiro de solidão.

Só consegui dormir já perto do meio dia, mas pesei e medi algumas coisas da minha vida, tenho certeza de que estou aqui no momento certo, evitar precipitações como as anteriores e buscar mais serenidade - além de aperfeiçoamento profissional, claro. Um pedaço do meu passado tentou vir a tona, outro pedaço ainda se mantém muito presente, mas passado é passado, não quero magoar ninguém, mas tenho que dar espaço ao que é novo. E meu longo quarto suspiro de solidão só durou até aí. E novamente a mesma sensação de ter alguém pensando em mim, alguém que eu não conheço, que eu não sei onde está, mas que virá, como se eu pudesse sentir seu coração, acho que tenho uma paixão a caminho.

Na mazela de dia dos namorados sozinha + depressão de domingo + molezinha de pós-gandaia, eu me meti a assistir filminhos bonitinhos e romantiquinhos (só faltou o panelão de brigadeiro), todos filmes lésbicos: "Delícias Celestiais de Nina" (embora o título pareça outra coisa é bem comédia-romântica do tipo que passaria na Sessão da Tarde se o casal fosse hetero), "Elena Undone" (meudeusdocéu que filme maravilhoso) e "D.E.B.S." (comédia-romântica teen, mas bem divertidinha). Passei um dia dos namorados muito bem acompanhada e me dando ao luxo de só escolher final feliz.

E é o um trechinho de "D.E.B.S." que me despeço. Boa semana e divirtam-se, porque é isso que eu estou fazendo por aqui!


"...I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you give me no reason
You know making me work so hard..."
(já diriam os filósofos do Erauser)

e que ela venha e que seja exatamente como tem que ser!


domingo, 12 de junho de 2011

Às vezes só Chico Buarque me entende


Leve
Composição : Carlinhos Vergueiro - Chico Buarque
Não me leve a mal
Me leve à toa pela última vez
A um quiosque, ao planetário
Ao cais do porto, ao paço

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?

Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será um caminho bom
Mas não me leve

Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí
Na lagoa, no cemitério
Na areia, no mormaço

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?

Pense como eu vim de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será tudo de bom
Mas não me leve

O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo

Cada coisa no seu lugar

As folhas amarelas no chão
Minhas mãos frias nos bolsos do casaco
Meu pensamento nas nuvens
Meu desejo perdido em bocas perdidas por aí
Meu coração no peito, querendo bater mais forte por alguém
Meu alguém em algum lugar do mundo [talvez] pensando em mim.

Meu alguém, quanto tempo você vai demorar?
Quanto tempo nos procuraremos nos lugares errados?
Quantas estações vão passar?
Quantos territórios serão atravessados?
Meu alguém, quando estaremos no mesmo lugar?

Minhas nuvens amarelas no bolso frio,
Meu pensamento nas mãos frias perdidas em bocas no chão.

Meu alguém, me tire da ordem, me devolva meu caos,
Meu alguém... 

ass.: Seu alguém!

Texto escrito em plena tristezinha de dia dos namorados, não pensei que estar solteira nesse momento fosse mexer tanto comigo. É estranho, mas eu sei que ela está por aí, que existe, que me sente, só não nos encontramos ainda. Se não for esta que há de chegar, de qualquer modo, acho que já está na hora de me apaixonar.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Prestes à...

É como se fechando os olhos eu pudesse ver nitidamente as possibilidades, e possibilidades como um todo.

Pode ser tolo, mas acho que estou prestes à me apaixonar... não perdidamente, só me apaixonar na medida certa - se é que há medida pra essas coisas.

Não sei quem, não sei onde. Não sei como, muito menos porque, mas ela vai chegar, é como se eu pudesse senti-la se aproximando. Como se esses corações se sintonizassem um ao outro.

Parece que no emaranhado de possibilidades dos meus caminhos ela segue em linha reta, na minha direção, independente de qual escolha eu faça, ela chegará em algum ponto da trajetória.

Nem tão breve, nem tão definitivo. Vem e fica, mesmo que depois vá embora e restem apenas lembranças.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

BUENOS AIRES 2011: 10ª atualização

Durante o passeio no
Bus Turístico
Que semana maravilhosa essa que passou, cheia de coisas boas e acertos, acertos ótimos, daqueles que lhe satisfazem todos os sentidos e em todos os sentidos. Fiz várias coisas, inclusive voltar a desenhar, mas essa mostra só poderá ser feita quando voltar pra Maceió, aí escaneio e jogo na internet, tem muita coisa bacana, tô me sentido mais em contato comigo depois dessa virada de mês.

Finalmente consegui fazer o bendito passeio no Bus Turístico, mas tenho duas coisas pra falar, já está fazendo um incômodo frio considerável, principalmente para quem está acostumado com o calor e como eu peguei um ônibus do final da tarde, mas da metade do passeio já foi feito a noite, o que atrapalhou bastante algumas fotos porque minha máquina não é fantasticamente incrível, então escuro e movimento resultaria em borrões, mas consegui fotografar muita coisa que já estão disponíveis nos meus álbuns pessoais tanto no facebook quanto no orkut

Estádio do Boca Juniors
Durante o passeio eu fiz uma constatação bem bizarra, La Bombanera - o estádio do Boca Juniors -  está para Buenos Aires assim como o Rei Pelé está para Maceió, pelos seguintes aspectos: estão localizados numa região pobre da cidade, têm um quartel do corpo de bombeiros nas imediações, ficam próximos a grandes porções de água [seja rio, mar ou lagoa] e têm uma garagem de coletivos ao lado.

O frio tá chegando junto de um jeito tão determinado que o kit jeans, camiseta, All Star e jaqueta, já tá se tornando jeans, camiseta, luvas, blusa de lã, cachecol, balaclava, jaqueta, meião, meia calça, All Star e jaqueta, a desvantagem é quando você entra num lugar quente ter que tirar tudo isso.

Cena do espetáculo
"Souvenir"
Dei sorte nas escolhas dos espetáculos dessa semana, começando pelo divertidíssimo "Souvenir" em cartaz no teatro Timbre4, afinal não é todo dia que você vê em cena um ator que toca piano maravilhosamente bem e uma atriz cantora lírica, o que já rendeu a ela inúmeros prêmios de melhor atriz cômica, o que é mais que merecido, os tempos dela são ótimos, você se diverte só com o clima estabelecido entre os dois atores em cena. Muito gostoso de assistir, bem cuidado, nossa os dois atores arrazam, valeu muito a pena ter saído do hostel nesse frio que tá fazendo. Ainda continuo tendo minhas irritações com a iluminação cênica por aqui, não sei qual o problema deles, na verdade acho que é minha obsessão estética mesmo que acaba falando mais alto.

"Amorar"
Conheci outro espaço artístico daqui de Buenos Aires no que chamam de Circuito Cultural Boedo [um bairro com várias opções de teatro, galerias, bares, uma vida noturna mais club e bem pré-balada], Pan y Arte também mistura um pouco de tudo, mas eu só conheci o teatro porque fui assistir o espetáculo "Amorar" que trata dessas coisas de início e final de relacionamento. Bom, quanto a dramaturgia achei bem construida, mas acho perigoso a pessoa que escreve também estar em cena e ao mesmo tempo dirigir, enfim, cada um cada um, acredito que com um direcionamento de fora, algumas coisas teriam sido melhores solucionadas, do geral foi bacana. A verdade é que algumas coisas me incomodaram no espetáculo, mais por identificação do que pela qualidade em si, tô vendo que preciso praticar o desapego total e irrestrito, expurgar o que me incomoda e deixar o passado ir embora pra dar espaço pra o futuro virar presente [nossa, tão filosófico isso].

Cena do espetáculo "El Ardor"
Agora, o acontecimento teatral pra mim desse fim de semana foi ter assistido "El Ardor" na sala do subsolo do charmosíssimo El Camarin de Las Musas [assumo publicamente minha predileção pelo local, apesar dos ingressos lá serem um pouco mais caros, mas lá também tem as melhores medialunas que eu comi até agora]. Um ator em cena, uma parafernalha de soldador e espanhol falado rápido, mas a capacidade corporal dele contar as histórias faz com que você entenda tudo, mesmo que não compreenda uma palavra do que ele diz, eu fiquei impressionada com a qualidade de interpretação dele, acho que até o presente momento foi o melhor espetáculo que assisti. Se tratando de monólogo então, putz... o melhor que vi na minha vida seguido beeeeeeeeeeeeeeem de perto por "Diário de um Louco" do Grupo Lavoura de Teatro/PB. Eu não tenho como descrever apenas escrevendo a interpretação de Marcelo D'Andrea, cara, não tenho mesmo, só assistindo pra entender. Além do soldador ele interpreta o pai e a mãe, mas numa coerência corpóreo-vocal que como ator/atriz você se pergunta como fazer aquilo e como diretor/a você se pergunta como acessar esses lugares com seu elenco. É o espetáculo de teatro que te dá muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuita vontade de fazer teatro, por isso eu aviso, meus queridos da Invisível, se preparem pra o trabalho quando eu voltar!

The Sub Club
Pra fechar a noite de Sábado, gandaia, sim, porque ninguém até pode ser de ferro, mas eu não sou, tava em dúvida entre duas baladas, mas resolvi me jogar numa boate mista, fui conhecer a ótima The Sub Club, localizada na Avenida Corrientes, no subsolo de uma galeria comercial, quase em frente à Galeria Pacífico, é menor que a Amérika e um pouco mais barata também, acesso para ônibus aparenta ser mais fácil [sim, já tô pegando busão portenho], a entrada no Sábado que eu fui tava 55 pesos com canilla libre - open bar - de algumas bebidas [incluindo cerveja, refrigerante e água]. O som é muito bacana, rola até uns trash 80, mas nada que comprometa a noite e vão poucos heteros, o que também não impediu que eu levasse uma cantada, mas esse pelo menos se situou rapidinho do que se tratava e foi passear.

Apesar de não gostar muito, tenho me divertido saindo sozinha pra balada, parece que gera uma curiosidade nas outras pessoas, tipo, se perguntando porque alguém vai sozinho pra uma boate, bom, melhor não escrever as possíveis respostas... como eu quero conhecer os lugares e as vezes fico numa vontade louca de bater cabelo, me jogo, afinal, não é todo fim de semana que você está na capital gay-friendly da América Latina.

Variando só um pouquinho, lá pelas 04H da manhã, se aproximando do horário de me dar vontade de ir embora e depois de tocar quase toda a discografia da Britney Spears, encontrei o amor da minha vida dessa semana, na verdade encontrei não FUI ENCONTRADA, uma figura que eu já tinha visto, que apesar de não ser do meu número tinha achado interessante, mas tinha abstraído por achar que não seria possível por questão de gênero, eis que surgiu do nada, perguntou meu signo, dançou comigo e quando eu vi já tava beijando. ADORO gente de atitude, facilita muito minha vida, afinal eu sou a pessoa que no máximo só olha. Completamente diferente de todas as figuras que eu normalmente fico e mais velha que eu - acho que entre 35 e 40 anos, e pelo o que fiquei sabendo no final da noite continuo portando as chaves dos armários alheios, fiquei passada de tão surpresa com tanta atitude junta numa pessoa só. Foi ótimo - e meu pescoço que o diga o quanto foi ÓTIMO, ficaria outras vezes, mesmo. Bom, mas até agora, 24 horas depois do ocorrido eu tô ainda meio em choque de forma positiva...

Começo a achar que meu problema em Maceió pra desenrolar quem me interessa é essa mania de querer falar, porque aqui falando pouquíssimo espanhol fico com as pessoas.

Não sei muito bem como são os relacionamentos por aqui, mas fiquei admirada pelo fato de ser a segunda pessoa que eu fico em Buenos Aires e que conhecidentemente me pergunta se eu sou sempre carinhosa, das duas uma, ou eu de fato tô exagerando ou as pessoas aqui [tanto mulheres quanto homens] não são muito dados à afetuosidades, enfim. 

Agora fica a dica pra aqueles que compartilham do mesmo tom de pele e tipo de cabelo que eu, sim, aqui são fatores que fazem a diferença, primeiro porque a maioria ou tem traços europeus ou indígenas, então essa mescla brasileira faz com que a gente tenha um tipo exótico por essas terras, e sim, você dizer que vem do Brasil faz com que as pessoas achem que você nasceu sambando, se você samba, ótimo, se não... faz feito eu, se balança.

É isso, ótimo início de semana para todos e que a diversão seja sempre garantida!


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Kit Anti-homofobia

Sem polemizar, só pra divulgar mesmo. Vídeos oficiais do kit que foi (infelizmente) vetado por nossa presidente Dilma Roussef [o que é pra vetar passa como o Novo Código Ambiental, o que não é pra vetar ela veta - o pior foi o dinheiro investido nisso. Será que vai ser uma grana jogada fora?]

Os vídeos são delicadíssimos, não ofendem ninguém, não deturpam imagem de ninguém, só mostram que todo mundo merece respeito, não por ser gay ou hetero ou bi ou travesti ou transexual, merece respeito pelo fato de ser humano.