terça-feira, 14 de junho de 2011

BUENOS AIRES 2011: 11ª atualização

Essa atualização eu demorei pra escrever porque estava pensando um pouco nos fatos, nada sério, nada grave, mas foi um fim de semana de muita solidão e saudade, mas não no mal sentido, solidão pra pensar nas coisas com um pouco de distanciamento e poder agradecer a todas as coisas boas que tem surgido na minha vida, e saudades dos queridos amigos/irmãos espalhados pelo mundo, saudades de todos, mas em especial: Pam, Maurício, Carol, Charlene, Udson... amigos queridos que eu queria muito que estivessem aqui comigo curtindo cada momento. Amo muito todos, de verdade!

Bom, essa semana não teremos fotos minhas porque não saí com a máquina fotográfica, mas não faz mal, afinal vocês já estão cansados de ver meu rosto ou meus AllStar.

Cartaz do filme
"Le quattro volte"
Gente, quando eu digo que Buenos Aires é uma São Paulo que fala espanhol e tem mais árvores, não é exagero. Encontrei na quinta-feira um lugar que me lembra muito a capital paulista - pelo qual eu sou apaixonada - fui ao Cine Arteplex Centro que fica numa galeria pertinho do Obelisco, em plena Avenida Córdoba [a correspondente porteña da Avenida Paulista], um lugar charmoso com cara de decadente, o café do cinema tem as fotos de estrelas hollywoodianas dos anos 20 nos encostos das cadeiras, ou seja, você pode tomar um café ou um chá sentado no colo de James Jim por exemplo. O mais bizarro é que como o cinema fica no subsolo, você sente o chão vibrando cada vez que o metrô passa, mas mesmo assim vou ficar freguesa desse espaço. Na galeria, o achado foi uma livraria que só vende livros sobre cinema, não cheguei a entrar pra não correr o risco de perder o filme, mas para os cinéfilos deve ser de cair o queixo.Fui assistir ao filme "Le quattro volte" uma produção conjunta de Itália, Alemanha e Suíça, trata do ciclo da vida em quatro fases, e sem dizer uma palavra nos leva à fragilidade da existência de qualquer tipo de ser. Lindo, tocante, o primeiro suspiro de solidão dessa semana.

Depois do filme devo ter caminhado umas cinco quadras pela Avenida Córdoba em direção ao hostel, as luzes, teatros, cinemas, pessoas, carros, metrô, o frio, me deslocaram no tempo e no espaço, me senti um pouco em São Paulo e sempre estando em Buenos Aires, começo a amar essa cidade como amo sua correspondente paulistana. Gosto de olhar as pessoas nas ruas, andando, com pressa, devagar, passeando, reconhecer sotaques, acentos, imaginar de onde vem, querer saber quem são, cruzando a avenida, acho que as duas frases que eu mais repeti mentalmente foram: Nossa, que bonita! ou então Meu Deus, que coisa estranha! - mas sem necessariamente julgar, só olhando, reconhecendo nessas pessoas talvez um pouquinho de mim. Gosto de me reconhecer nos outros, por mais diferentes que sejamos ainda assim somos todos muito parecidos. E quanto mais eu me afasto de casa, mas me enraízo no meu território, mesmo que ele flutue!

Foto do espetáculo "Quizás"
Na sexta fui assistir "Quizás", num espaço muito bacana chamado Tadron Teatro y Café - uma pena que o blog deles tenha sido removido essa semana, por que já dava pra ter uma noção do local, eles tem uma linha de debates sobre teatro e cidadania e a decoração trás traços da cultura da Armênia, quase enlouqueci que lá lêem a sorte na borra do café, não sei se quero ou não uma consulta, mas seria interessante. Quanto ao espetáculo, meu segundo suspiro de solidão, dois estranhos se encontram, cada um acha que o outro é outra pessoa e aí a história segue, nossa, o ator é muito bom, a atriz eu achei bem possível, mas nada de incrível.

A medida que a solidão me batia a porta, a esperança no amor se fazia presente também, no caminho do teatro pra o hostel devo ter encontrado pelo menos quatro casais com os quais me identifiquei - não preciso entrar em detalhes né - enfim... tem algo de novo no ar, mas ainda não consigo identificar.

Sábado foi um dia inusitado, todo ele, assisti um espetáculo chamado "Fabulário" engraçadinho até, no Teatro El Ojo, ok, montagem de fim de curso livre de teatro, nem bom nem ruim, divertido, não paguei nada pra assistir mesmo, então ainda saí no lucro. Depois, Amerika, mas dessa vez nem foi tão bacana, dancei, mas como era DJ convidado tava bate-estaca demais pra mim, eu fico muito confusa com pessoas modernas, e essa noite foi assim, quem eu pensava que era gay não era, quem não parecia era e eu fiquei na minha, eu e meu terceiro suspiro de solidão.

Voltei pra o hostel, mas antes disso fui tomar café-da-manhã num restaurante aqui perto, eis uma surpresa do destino, passei o começo do meu domingo, conversando com um desconhecido chamado Diego, cantor de tango e bonitão - pois é, se eu gostasse não aparecia um desses. Ele tentando paquerar e eu sendo evasiva, na verdade pensando, pensando bastante, já era dia 12 de Junho, dia dos namorados no Brasil. Voltei pra o hostel num looooooooongo quarto suspiro de solidão.

Só consegui dormir já perto do meio dia, mas pesei e medi algumas coisas da minha vida, tenho certeza de que estou aqui no momento certo, evitar precipitações como as anteriores e buscar mais serenidade - além de aperfeiçoamento profissional, claro. Um pedaço do meu passado tentou vir a tona, outro pedaço ainda se mantém muito presente, mas passado é passado, não quero magoar ninguém, mas tenho que dar espaço ao que é novo. E meu longo quarto suspiro de solidão só durou até aí. E novamente a mesma sensação de ter alguém pensando em mim, alguém que eu não conheço, que eu não sei onde está, mas que virá, como se eu pudesse sentir seu coração, acho que tenho uma paixão a caminho.

Na mazela de dia dos namorados sozinha + depressão de domingo + molezinha de pós-gandaia, eu me meti a assistir filminhos bonitinhos e romantiquinhos (só faltou o panelão de brigadeiro), todos filmes lésbicos: "Delícias Celestiais de Nina" (embora o título pareça outra coisa é bem comédia-romântica do tipo que passaria na Sessão da Tarde se o casal fosse hetero), "Elena Undone" (meudeusdocéu que filme maravilhoso) e "D.E.B.S." (comédia-romântica teen, mas bem divertidinha). Passei um dia dos namorados muito bem acompanhada e me dando ao luxo de só escolher final feliz.

E é o um trechinho de "D.E.B.S." que me despeço. Boa semana e divirtam-se, porque é isso que eu estou fazendo por aqui!


"...I'm so in love with you
I'll be forever blue
That you give me no reason
You know making me work so hard..."
(já diriam os filósofos do Erauser)

e que ela venha e que seja exatamente como tem que ser!


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