terça-feira, 27 de julho de 2010

Vértice Brasil 2010: Travessia

De fato travessia, de fato cruzando fronteiras, escalando uma Torre de Babel onde todas/todas se entendiam perfeitamente bem, confesso que quando me inscrevi para participar do Vértice Brasil - ocorrido em Florianópolis de 16 a 24 de Julho - não fazia muita ideia do que se tratava, só sabia que se tratava de um encontro de teatro voltado para as mulheres, nada além disso, mas melhor do que fazer ideia foi vivenciar, foi experimentar.

Durante oito dias passamos por uma programação muito intensa, que comportava duas oficinas diárias, uma palestra e dois espetáculos, e no intervalo entre todas estas atividades nossas refeições, que acabavam sendo o momento dos encontros informais e troca de impressões. Tinha participantes de quase todos os lugares, e eu, só pra variar, era a única representante de Alagoas, durante o decorrer dos dias o pensamento que mais me vinha a mente era "As meninas precisavam estar aqui..." (só vivenciando para entender o que se passa numa imersão como essa, não dá pra compartilhar certas impressões, só é possível tentar plantar um gérmen de curiosidade para que se contaminem a participar numa próxima ocasião).

Uma mescla de sotaques, de linguagens, de vivências, de experiências, de idades... mais uma vez eu sinto aquele friozinho no estômago e me sinto tento muita sorte de estar no lugar certo no momento certo, a sensação de que conhecia determinadas pessoas há anos embora tivesse conhecido no dia anterior. Mais do que o compartilhar da experiência artística compartilhamos uma experiência humana.

Ainda estou digerindo um pouco a intensidade do que vivenciei, mas ter visto em cena nomes como Julia Varley, Anna Woolf, Geddy Aniksdal, Brigitte Cirla e Claudia Contin (que também deram oficinas) já faz com que se perceba que o teatro é algo que não deve ser abandonado em momento nenhum, por nenhum motivo ou dificuldade.

Toda equipe está de parabéns pela organização e acolhimento, certamente cada uma de nós se sentiu parte fundamental dessa imersão, e, pelo menos da minha parte, dá aquela vontade de tentar organizar algo assim aqui em Maceió - afinal, o Brasil é um país continental e as regiões tem problemáticas e características muito peculiares.

Este evento está ligado há rede Magdalena's Projetc que tem como objetivo discutir o teatro feito por mulheres ao redor do mundo, nossa, ter participado deste ACONTECIMENTO faz com que nós não nos sintamos tão sozinhas nas nossas atividades regulares de teatro, além, é claro, de servir como inspiração.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Muito cuidado com o que você deseja

"Muito cuidado com o que você deseja, muito cuidado com o que você fala, o vento leva seus desejos e trazem eles de volta...", dizia minha avó quando eu era criança, foi ela quem me ensinou a rezar, fazer promessas (e cumpri-las, claro!) e todas essas coisas esotérico-místico-católica.

Poucos dias atrás lembrei disso.

Estava sentada com um amigo nos dormentes da linha do trem, entre o domínio do dono dos caminhos e das senhoras dos desejos, eu, do nada, no meio de um pequeno silêncio eu solto inconsequentemente e sem pretensões: "Eu quero me apaixonar, nem que seja um pouquinho...", meu amigo - que já acompanhou a maioria das minhas paixonites agudas de uma semana - só riu.

Tudo bem, sem suspeitas ou intensões sigo meu caminho, os dias passaram normalmente, e de modo constante e improvável eu a vejo sempre, embora sempre estivesse ali, eu a vejo. Tinha visto antes, tinha pensado sobre, tinha até falado com, mas nunca tinha falado antes com sobre...

Sinais. Por que eles existem, e se igualmente existe destino, igualmente ele manda sinais. Sonhei com, justamente sobre, semi caos em minha mente, mas segui, e se sinais existem, destino existe... e por que conhecidências não haveriam de existir?

Embora não a veja, leio sua presença - que de tão forte não sai da minha cabeça -, talvez ver fosse mais sutil, mais a conta gotas, se bem que nada nos meus afetos foi sutil, tudo muito arrebatador e apressado, e eu que não tinha pressa em com sobre... agora temo a velocidade dos fatos, os fatos me afetam, e os meus afetos mais ainda.

Meus sonhos se insinuam, ela se apresenta, meu horóscopo me previne e uma carta de baralho me confirma o que nem sei se ela ao menos imagina reafirmar - mas se não reafirma parece muito bem o fazer - caos completo em minha mente.

Da noite para o dia eu não mais saio imune ao que desejei alguns vários dias atrás e quase nem me lembrava.

Me chamo Daniela por causa de Daniel - aquele da Bíblia dentro da cova dos leões - e se ele acalmou os leões, tenho que ter mais cuidado com a força das minhas palavras.