terça-feira, 31 de maio de 2011

Incômodo...

Me incomoda o que eu não posso mudar
Me incomoda o que não quer mudar
Me incomoda o que é irremediavelmente igual a antes
Me incomoda o que se apresente "pior" que antes.

Me incomoda olhar e não reconhecer
e se reconhecer só ver os defeitos,
Me incomoda as mesmas palavras e queixas,
e quando mudam só muda a ordem.

Me incomoda ter acreditado,
Me incomoda ter amado
Me incomoda mais ainda ter querido continuar amando...
Me incomoda seguir em frente e deixar pra trás...

Me incomoda só sentir esse incômodo
porque se fosse raiva seria diferente.

Me incomoda não ver perspectiva além de mim
e não poder dizer a verdade dizendo "ACORDA!"
Me incomoda ter as mãos atadas por não poder me envolver
Me incomoda ter que levar pela mão quem não quer sair do lugar.

Me incomoda o falso conteúdo, a falsa esperteza...
Me incomoda agora essa estranheza que me causa...

Não me comove, só me incomoda e isso é o pior,
E eu me sinto péssima com isso.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

BUENOS AIRES 2011: 9ª atualização

"Casa de Nadie"
Depois de mais de uma semana sem postar minhas atualizações sobre Buenos Aires, cá estou eu, bom, não falei nada de Buenos Aires porque na verdade não estava aqui, mas vamos ao que realmente interessa.

No Sábado teve apresentação de circo de graça na Avenida Nove de Julho, em frente ao Obelisco, a trupe canadense  Les Sept Doigts de la Main (Os sete dedos da mão) apresentou o espetáculo "Casa de Nadie" achei eles meio desengonçados pra dançar e pouco carismáticos, mas no geral foi bem bacana, principalmente um número de acrobacia aérea em rede de pesca. Nessas horas até dá vontade de voltar a treinar circo, mas sem as antigas cobranças, só por diversão e possibilidade de treinamento, acho o virtuosismo lindo, mas pra mim não serve, como acrobata eu sou uma ótima espectadora.

Depois fui assistir no Timbre4 à um monólogo, chamado "Solo lo frágil", achei bem interessante o trabalho da atriz, ela de fato desenvolve personagens bem diferentes, mas sobre tudo a atuação das duas últimas cenas me chamaram bastante atenção, onde ela interpreta uma gueixa e em seguida uma negra estadosunidenses numa igreja católica. Nossa, ela é bastante versátil mesmo, e as soluções cênicas da cenografia são simples mas extremamente funcionais, acho que a falta de bandoor nos refletores é compensada pelas cenografias inteligentes no teatro argentino.

Domingo dia de Feria de San Telmo, não sei se é bom ou ruim visita-la sem dinheiro, tem muita coisa bacana que é proporcionalmente inútil, ai ai, vendo aquelas coisas todas de decoração super estilosas pensa que preciso ter minha casa pra decorar do meu jeito, mas depois quando eu lembro da responsabilidade disso, mudo de ideia rapidinho.

O fim de semana foi beeeeeeeeeeeeem preguiçoso, acho que também por causa do meu resfriado, como estava com preguiça de cozinhar inclusive, fui jantar num restaurante aqui perto, e vi uma das cenas mais bonitas da noite, vários velhinhos curtindo o happy hour dançando, velhinhos mesmo, com média de idade de 70 anos. Nossa, isso encheu meu coração de alegria, uma vontade de que seja desse jeito comigo quando tiver a idade deles. Juro que só não tirei foto deles porque eu estava com a câmera fotográfica sem baterias, senão acho que teria até filmado, parecia que eu tava assistindo "Coccum" ao vivo - e esse é um filme que eu acho lindo.

Casa Rosada
 Hoje meu roteiro foi a Plaza de Mayo, Casa Rosada e imediações, na verdade eu queria pegar o Bus Turístico, mas acabei perdendo a hora da última saída, mas não faz mal, vou me programar pra fazer isso essa semana pra poder tirar outras fotos de outros pontos de vista.  Eu quase me arrisquei a bater perna em Porto Madero, mas o frio acabou me vencendo e eu achei mais sábio voltar pra o hostel, afinal, o resfriado já é o suficiente, não preciso agregar a ele uma crise de sinusite ou algo parecido.

Essa semana quero ver se visito pelo menos mais uns dois museus e no final de semana GANDAIA [adoraria conseguir ir pra balada no Sábado e no Domingo a noite], também tenho que fazer minha programação de teatro, sede, tenho sede de diversão e de conhecimento.

É isso, post preguiçoso de quem tem andado com preguiça nesses dias que antecedem a chegada definitiva do inverno...

domingo, 29 de maio de 2011

3ª parte da breve viagem ao Uruguai: PELAS NUVENS

Meu terceiro e último dia no Uruguai infelizmente não foi bem do jeito que eu queria, primeira coisa, o táxi do hostel ao aeroporto saiu por 520 pesos uruguaios, o que significa que isso me deixou quase sem dinheiro pra turistar com mais tranquilidade, por esse motivo não visitei nem museu na cidade.

A chuva foi outra coisa que me desanimou muito, porque Montevideo já é fria com chuva então ficou quase impraticável, tanto que voltei com um resfriado internacional (o que me fez não ir para aula no Sábado, digamos que eu quase tive uma crise de sinusite). 

O mais inusitado desse dia foi ter passado a manhã quase toda conversando com um português que eu não sei o nome sobre viagens, o cara rodou por muitos lugares, conhece o Brasil melhor do que eu e concorda comigo que a comida brasileira é a melhor do mundo e que quem já viveu em São Paulo se desenrola em qualquer outra metrópole [ok, quero da próxima vez experimentar Nova Iorque, acho que é possível desenvolver, mas não arriscaria o Tóquio por exemplo].

Plaza los 33 Orientales
Quando a chuva deu uma breve trégua andei mais um bocado pela principal avenida da cidade, mas nada de muito relevante não a ser contado o dia realmente foi meio parado. O bacana dessa viagem é que eu fui pra ser turista mesmo, afinal normalmente eu só saio de Maceió ou pra trabalhar ou pra estudar, e descobri que apesar de ser legal ser apenas turista, eu preciso de algum objetivo mais concreto nesse "turismo", senti falta de conhecer coisas mais específicas da cidade, sei lá... tipo de música tradicional, espetáculo de teatro, essas coisas.

Sem dúvida o aeroporto de Montevideo [que não fica em Montevideo, diga-se de passagem] foi a coisa mais esquisita que eu vi nesses últimos tempos, porque lá só tem embarque internacional, fiquei me perguntando como isso era possível, bom, muito simples, o Uruguai só tem esse aeroporto, afinal metade da população do país mora na capital e a outra metade distribuída pelas cidades do interior, se levarmos em conta que o Uruguai é um país pequeno, pensar isso é algo possível. Como sempre e infelizmente, a melhor opção de lanche é o McCafé do MacDonalds, porque acaba sendo o mais barato e algo que - pelo menos no café - a gente sabe o que está comendo.

Sim, Albert Einstein
Meu conselho para quem tem que voltar de Montevideo para Buenos Aires é: VOLTE DE BARCO, tudo bem que demora mais, mas é bem mais barato porque nas duas cidades o porto é na área central e você não vai precisar gastar horrorres no táxi.

O vídeo de hoje é da Julieta Venegas com a música "Limón y sal", sim, eu sei que ela é mexicana, mas é porque esse clipe eu assisti no hostel em Montevideo e achei mega fofo - bom, pra compensar não ter assistido o show dela aqui em Buenos Aires no dia 24/05, fica pra próxima, vai que ela faz um show em Recife né.





O que define quem sou?

Uma cor
             uma música
                               um tipo de roupa
                                                          um filme
                                                                        uma frase
                                                                                        uma bula de remédio
                                                                                                                         um acessório
                                                                                                                                              uma dúvida                                                                                                                                   
                                                                                                                            um calçado
                                                                                                              um ruído
                                                                                            um silêncio
                                                                             uma foto
                                         um rabisco no caderno
                     uma cicatriz
um carimbo
                   um rótulo
                                   um sinal
                                                 um mapa astral
                                                                         uma radiografia
                                                                                                  uma chave
                                                                                                                    um adesivo
                                                                                                                                       uma mentira 
                                                                                       uma tatuagem que eu não tenho
                                                  um esmalte que não uso
              minha impressão digital

Quem define o que sou?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

2ª parte da breve viagem ao Uruguai: PELAS ESTRADAS

Decoração das paredes do hostel
Depois de três horas de navio, no dia seguinte encarei três horas de estrada, fui de ônibus de Colonia del Sacramento até Montevideo, coisa de 220 pesos uruguaios, uma bagatela de R$22,00. Acho que a viagem foi tranquila e deve ter sido mesmo, porque eu dormi o tempo todo.  Desci na rodoviária e me mandei pra o hostel, coisa de 100 pesos uruguaios, pra turista brasileiro que vai com reais é uma viagem que sai muito barata.

Então, algumas observações, nós brasileiros estamos acostumados com self-service - esqueça isso, nem no Uruguai nem na Argentina você vai encontrar comida no peso. Nosso prato base é arroz, feijão, carne e salada - esqueça também, nos dois países normalmente o que vem é um pedaço enorme de carne (podendo ser carne de vaca - é assim que eles chamam a carne vermelha - galinha ou peixe) acompanhado ou de batata frita ou alface com tomate, se você quiser mais guarnições paga por fora, e paga caro. Em Montevideo tive dificuldade de me alimentar bem, comi, mas daí a dizer que gostei são outros quinhentos.

Falemos da cidade agora, é muito bonita, principalmente a parte velha da cidade, a Ciudadela, que tem inclusive algumas ruínas da entrada do antigo forte, mas eu achei a cidade muito suja e descuidada - impressão que eu tive, pode ser que não seja - muitos monumentos pichados e sujos mesmo, não tem como eu não comparar com Buenos Aires porque é onde eu estou vivendo agora, mas isso não compromete a beleza da cidade.

Não tem como você percorrer as ruas e olhas as praças sem pensar em como era tudo aquilo antigamente, a arquitetura de Montevideo mistura desde de prédios centenários até edifícios dos anos de 1970 e prédios mais modernos, não vou dizer que isso está em harmonia porque de fato não está, mas é interessante ter um olhar assim sobre a cidade.

Montevideo faz um frio cortante, não sei porque, deve ser a geografia, afinal é uma pontinha de terra entre o rio e o mar, acho que o vento sopra de todos os lados e a temperatura vai lá pra baixo. Infelizmente por causa do dia da semana e da pouca grana não assisti nada de teatro nem fui pra balada, mas pelo o que eu pude ver nos guias da cidade, no fim de semana rola muita feira de artesanato em algumas praças.

Coisas que eu notei estando lá, as pessoas são mais parecidas fisicamente com nós brasileiros, ok, sendo mais objetiva, são menos brancos, você vê mais morenos, negros, mulatos nas ruas não é feito aqui que ou muito brancos ou tem traços mais indígenas - isso é só uma impressão, não tô aqui classificando por raça ou cor não, observação pura e simples. Outro fator é que eu achei o espanhol de lá mais fácil de entender, a acentuação é mais suave e eles falam um pouco mais devagar.

Conversando com as meninas que trabalham no hostel eu achei muito interessante o comentário de uma delas dizendo que eu até que falo um espanhol razoável e quase sem sotaque, perguntei o que isso tinha de diferente, ela respondeu que o problema é que a maioria dos brasileiros que chegam lá não falam uma palavra de espanhol e ficam enrolando no portunhol. Achei bacana essa colocação porque reforça um pouco do que eu penso, poxa, você tá na terra dos outros, tente pelo menos se esforçar para compreender o seu anfitrião, afinal você não gostaria de receber em sua casa alguém que não tentasse se comunicar com você.



Bom, como no post anterior eu pus um vídeo, vou colocar nesse também, escutei pela primeira vez aqui na Argentina, mas só conheci um pouquinho mais em Montevideo, a banda é uruguaia e se chama No te va Gustar, eu gostei bastante, segue aqui o vídeo de "Chau" que de boa é seguramente uma das músicas mais tocadas em Buenos Aires.


1ª parte da breve viagem ao Uruguai: PELAS ÁGUAS

O vento do convés
me descabelando
No começo dessa semana, entre os dias 23 e 25, carimbei meu passaporte de novo, dei um pulinho no Uruguai, visitei as cidades de Colonia del Sacramento e Montevideu. 

A forma mais rápida de chegar nessas duas cidades é cruzando o Rio da Prata (Río de la Plata ou River Plate - acho tão sonoro o nome em inglês), MAS eu tenho dois problemas sérios com rios/mares/riachos/lagoas/lagos e afins: MEDO PROFUNDO DE MUITA ÁGUA JUNTA e ENJOO. Bom, fui para Colonia de Buquebus num navio enorme, por dentro as acomodações são muito parecidas com de um avião, escolhi o navio que leva três horas pra cruzar o rio, mas tem embarcações mais rápidas. Não vou negar que o medo sempre esteve lá, mas como o navio é grande e confortável foi quase a mesma coisa que andar de avião, quase, porque o navio balança muito mais, o macete é não ficar nos pisos mais baixos, a impressão que eu tive é que quanto mais alto menos você sente o balanço.

No navio tinha um freeshop ótimo, deu vontade de comprar duas coisas lá: maquiagem (produtos de primeira qualidade com preços super em conta, fiquei semi-louca por uma base cremosa no tom certinho da minha pele) e  bebidas (Tequila Jose Cuervo por US$17 - no Brasil a gente acha por no mínimo R$60), mas como dinheiro era uma coisa que tava contada e peso era algo que eu não tava nem um pouco afim de carregar, abstraí da ideia e fui dormir.

Vista da cidade de Colonia del Sacramento do navio
Chegamos, fui direto para a Pousada El Viajero, tanto em Colonia como em Montevideu fiquei em hostels dessa rede e eu recomendo, se vocês forem um dia para essas duas cidades vale a pena, eu paguei uma média de US$40, quarto muito confortável, água quente e um café da manhã muito bacana, sem contar no atendimento.

Colonia del Sacramento é a cidade mais antiga do Uruguai e é tombada pela UNESCO como patrimônio histórico da humanidade, tem sete pequenos museus e ruínas da cidade antiga, uma graça de cidade, aconchegante, acolhedora e vive basicamente do turismo, eles atendem muito bem, afinal a economia está baseada nisso. Eu sou de dizer que essa visita é um programa mais pra família ou casal, mas é bacana ir sozinha também, a forma de aproveitar vai ser outra.

Para visitar os museus se compra um ticket por 50 pesos uruguaios e pode ir em todos. Não se assustem, o real vale dez vezes mais que o peso uruguaio, logo o valor da entrada era correspondente à R$5,00 - muito barato inclusive se compararmos com alguns museus em São Paulo por exemplo. Uma dica, caso você vá a Colonia, troque seus pesos argentinos, dólares ou reais na Nelson Câmbio, na rodoviária ao lado do porto, as cotações são melhores.

Quase todas as ruas são assim
Em um dos museus que eu não lembro o nome, você entra numa verdadeira máquina do tempo, pois trata-se de uma casa e cada sala reproduz um ambiente com mobília do início do Século XIX. Os museus têm de tudo, desde fóssil de tartaruga gigante até mapas originais da época do descobrimento da América, pra quem gosta de História é um prato cheio, como eu gosto foi ótimo.

Peguei um começo de semana nublado, em Colonia acho que à noite deve ter feito uns 8°C, tava com tanto frio que não tive coragem de dar uma caminhada pela cidade à noite, afinal eu tinha levado pouquissima roupa e não queria me arriscar e ter uma crise de sinusite, porque, resfriada de qualquer forma eu fiquei.

Estando onde estava, não tinha como não pensar nas músicas de Jorge Drexler , principalmente "Al otro lado del río" música que faz parte da trilha sonora do filme "Diários de Motocicleta" (aquele dirigido por Walter Salles com o Gael Garcia Bernal no elenco e relata uma viagem de motocicleta feita pelo jovem Ernesto "Che" Guevara pela América), bom, segue aqui abaixo um vídeo da música que não me saía da cabeça.


quinta-feira, 26 de maio de 2011

De volta...

Sim, já regressei a mi Buenos Aires querido. Foi muito estranho no caminho de volta pensar "Finalmente voltando pra casa...", acho que bateu uma crise de identidade territorial mesmo. O que será que eu vou pensar quando voltar pra Maceió, algo do tipo "Que lugar é esse?"? 

Bom, não vou postar nada sobre minha ida ao Uruguai hoje porque tô meio alegrinha, tomei uma taça de vinho, tô cansada, com frio, com o nariz entupido e pondo fofocas em dia pelo MSN, então escrever mesmo só amanhã durante a tarde, mas as postagens serão divididas em três:
  • Pelas águas
  • Pelas estradas
  • Pelas nuvens
Ao passo que as postagens forem sendo feitas vocês entendem o porquê desses nomes, vai demorar um pouquinho pra eu postar tudo porque ainda tem que escolher as fotos, dar uma melhorada nas imagens e essas coisas todas pra ficar um blog bonitinho.

Pra fechar a noite, deixo aqui o clipe de "Antes que seja tarde" do Pato Fu, adoro a música e me identifico um bocado também, gosto bastante da banda e o clipe é primoroso.



domingo, 22 de maio de 2011

BUENOS AIRES 2011: 8ª atualização

Desfocada e com preguiça
Fim de semana preguiçoso e todo mundo que falou comigo ontem fazendo a mesma pergunta "Ué, o que você tá fazendo em casa em pleno Sábado a noite?". Minha resposta "Me segurando, tô com pouca grana e a próxima semana é de novidades." Na verdade eu tá queria aproveitar a noite, mas estar na internet foi tão proveitoso que valeu a pena não ter saído, tava com saudades de meu querido amigo Maurício Ebbers e a gente deve ter passado pelo menos umas duas horas conversando muita bobagem. E também é bom desacelerar as vezes, ficar quietinha, acho que quando eu voltar pra Maceió vou querer passar umas três semanas sem sair de casa.

Pois bem, eu até que ia dar uma volta na Feria de San Telmo hoje, mas o dia amanheceu chovendo, como minha garganta tá inflamada, achei melhor ficar no hostel, porque de Segunda a Quarta tenho que estar inteira e feliz... atualizações na Quinta!

Sala em estilo mouro
Na Quinta passada continuei minha peregrinação pelos museus portenhos, fui ao Museu de Arte Espanhola Enrique Larreta, museu simples, pequeno, mas pra quem gosta de História Medieval é o lugar certo, tem desde armaduras até uma sala toda ambientada conforme as casas espanholas do início do século XI com tudo que tem direito de influência árabe, lindo mesmo, como eu gosto dessas coisas me senti viajando no tempo.

Nas Sexta fui pra mais uma programação gratúita no Centro Cultural General San Martin, fui assistir "Los hermanos queridos", uma espécie de montagem de conclusão de curso, Ok, tem coisas melhores mas não é ruim não, gostei da proposta dramatúrgica, pois a ação se passa em dois ambientes diferentes, mas que em cena as duas famílias dividem o mesmo cenário, mas um núcleo não interagindo com o outro apesar das cenas simultâneas, me deu umas ideias.

Uma outra coisa bacana que eu tenho feito aqui é ouvir rádio, nossa, é incrível a variedade de músicas, tudo bem que os formatos dos programas são os mesmos, mas ontem de madrugada tocou "Fogo e paixão" do Wando e pouco tempo depois tava tocando "A kind of magic" do Queen, consequentemente, conhecendo bandas novas e vendo que rock é rock em qualquer lugar, pelo menos o que eu tenho conseguido encontrar é bem bacana.

Bom, do mais sem grandes novidades, estou aqui na torcida para que o tempo melhore, não quero correr o risco de estragar minha programação por causa do mal tempo, e olhe que até ontem não tinha uma nuvem no céu.

veremos por onde meus pés vão andar

O achado da noite

Mais uma noite em Buenos Aires, mas o achado é brasileiríssimo,  se trata de A BANDA MAIS BONITA DA CIDADE, indicação de minha amiga virtual Gabriela Cravo, nossa achei a música muito fofa, música que dá vontade de se apaixonar, de amar de verdade, mas não um amorzinho qualquer coisa, mas um amor pleno, mesmo que seja por uma árvore, por outra pessoa, ou o amor pelo amor da sua vida, música que te faz se sentir bem, tudo bem que essa música vai tocar até enjoar, mas enquanto isso não acontece, vamos curtindo.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

BUENOS AIRES 2011: 7ª atualização

No restaurante japonês do
Jardim Japonês
Hoje completa exatamente um mês que eu estou em terras porteñas, o tempo tá voando, mas tá sendo bem bacana, além de tudo que eu tô aprendendo e dos acho que dois quilos que perdi, tenho visto e experienciado muita coisa diferente. Nesse um mês já posso dizer que minha área de cobertura já chega até Palermo, por lá tem várias praças, parques, museus, é lindo, na verdade quase tudo nessa cidade é lindo, os homens, as mulheres, os cachorros, velhinhos e velhinhas, os ônibus, os vagões dos subte [cada linha de metrô tem vagões com características bem específicas], os prédios, as árvores, os táxis... enfim, eu acho a cidade linda e não se fala mais nisso.

Jardim Japonês
Mas esse começo/meio de semana fui visitar dois lugares que são ridiculamente lindos, o Jardim Japonês e o MALBA, nossa, cada um com seu estilo e sua finalidade, mas deixo essas duas indicações para quem quiser visitar Buenos Aires, principalmente se for alguém que trabalhe com arte, isso sim é conteúdo de leitura de mundo.

O Jardim Japonês é a calma e plenitude nipônica no meio dessa metrópoli, lindo, tranquilo, perfeito pra tirar foto, ir passear com namorad@ [ou com quem você quiser], dá pra alimentar as carpas, comprar flores e ainda ter a sorte de ter um pato gordo japonês enorme correndo atrás de você [não, isso não aconteceu dessa vez, mas do jeito que o pato me encarou não duvidaria nada]. O legal também é que tem um restaurante japonês, então pra quem gosta é juntar o útil ao lindo/agradável - ok, comida japonesa é cara aqui também, mas vale a pena.

Detalhe do Monumento à Espanha
Esqueci de dizer que antes de ir no Jardim Japonês dei uma paradinha no Monumento à Espanha, gente, uma encruzilhada enorme [teve ser mega habitado ali, porque...] o encontro da Avenida Libertadores com a Avenida Sarmento, aquilo não existe não, bom existe sim e eu tirei algumas fotos. Pena que minha máquina não é boa o suficiente pra fotografar os detalhes do topo do monumento ou que fiquem do lado da sombra. Eu olho para essas esculturas e fico pensando o quanto de História já passou diante dos olhos delas e o pior, como foram construídas e montadas.

Foto do quadro de Frida tirada
às escondidas
O MALBA, nossa, o MALBA, você poder ver numa mesma sala Frida Kahlo, Diego Rivera, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Di Cavalcante e num andar acima ver Rodin, Picasso e mais outros tantos juntos, acho que eu não preciso explicar o que significa isso não né? Vendo todos esses pintores juntos, reforço a questão de que do México até a Terra do Fogo somos todos muito parecidos, as cores, os temas, angústias,dramas e alegrias, nossa latinidade está nisso, porque nem os espanhóis e portugueses têm isso que nós temos, afinal são três "raças" misturadas.

Ah, no MALBA você ainda corre o risco de ser paquerad@ em pleno museu... em Maceió isso não acontece... [ok, fui paquerada, ótimo, correspondi linda, mas a figura tinha namorada... tsctsctsc, que feio] - tanto porque mal temos museus e os que temos ninguém, nem a gente, frequenta.


Tem um monte de outros lugares que eu ainda não fui, mas que quero conhecer, bom uma coisa por vez, museus e teatros é o que não falta nessa cidade, assim como livrarias, nossa, ainda bem que eu não tenho cartão de crédito, porque aqui se acham várias publicações que ainda não existem em português por um valor relativamente barato.

Bom, é isso, acho que essa semana rola mais atualizações.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Mais Daniela, menos Beny

Amanhã completa um mês que estou em terras porteñas. Acho que já passei por todas as fases de quem está longe de casa, mas o melhor de tudo é poder observar um pouco mais minha relação com o mundo, bom, umas contatações são bem obvias, aqui me dá uma vontade incrível de fumar, mas não fiz isso, dá vontade mas sei que não há necessidade, logo não tem pra que fazer. Volto a dizer que parece muito São Paulo, mas com mais açúcar, no sentido das pessoas serem bem menos agressivas num primeiro contato, também aqui tem gente da América Latina inteira, vai ver que eles estão mais acostumados...

Por incrível que pareça tô enjoando mais ainda de coisa doce e tô pegando um certo nojinho de carne vermelha [nunca na minha vida pensei que eu fosse dizer isso], mas continuo comendo. Me sinto mais bonita, sem nada em especial, apenas mais bonita, acho que isso deve ter alguma coisa haver com autoafirmação ou as conquistas pessoais mesmo, sei lá, talvez eu esteja me sentindo mais segura de mim.

Aqui ninguém me chama de Beny, aqui eu sou Daniela, não sei se há de fato uma diferença entre ser chamada por um nome ou pelo outro, minha mãe escolheu os dois com tanto carinho que não abriria mão nem de um nem de outro. Mas de qualquer modo é bom ser chamada de Dani de novo, parece mais carinhoso, porque é diminutivo mesmo, não é nome.

Não dá pra separar quem é Dani de quem é Beny, não são duas pessoas diferentes, não tenho dupla personalidade, não posso dizer qual território pertence a cada nome, afinal são um nome só por fecharem um sentido que se complementa, de um lado Deus é meu juiz por outro sou abençoada por Deus, logo não tenho para onde fugir, porque me sinto sim uma abençoada [no sentido de que não posso reclamar da minha sorte, das oportunidades que aparecem na minha vida] e ao mesmo tempo à um compromentimento meu em fazer o máximo para ser justa.

Acho que tô me sentindo mais mulher, não como em São Paulo, que foi uma questão de reconhecimento de identidade de gênero, nesse caso, mulher no sentido de me dar conta que não sou mais adolescente, que já tenho 27 anos e que minhas responsabilidades são MINHAS, não é me cobrando que nesse momento deveria estar casada ou com três filhos como algumas amigas minhas da época de escola, mas que dentro do meu campo de trabalho não cabe mais o comodismo de fazer depois. O tempo passa a ser urgente, mesmo que busquemos o não-atropelo. Pelo o que vejo, preciso de cidades mais aceleradas pra não me sentir correndo demais, aqui me sinto no tempo certo.

Vejo aqui situações que não veria estando em Maceió, situações que necessitam de um certo distanciamento, e penso se essas coisas que não me agradam eu realmente necessito mante-las em minha vida, já aprendi a dizer não a muita coisa, tem outras que no máximo consigo dizer talvez, mas em alguns momentos não dá pra haver um entre, é necessário dar uma resposta, e como toda resposta, sempre vai correr o risco de desagradar a alguém.

Claro que sempre é tempo de aprender, mas acredito que está chegando o momento de também ensinar, compartilhar, me tornar mais generosa e ao mesmo tempo mais egoísta, saber quando e pra quem dizer não,  saber dizer quanto custa.

A mochila continua nas costas, os AllStar nos pés e os óculos voltaram a ser os redondos, não sei efetivamente o que mudou, mas sei que algo foi transformado, minimamente mas foi, talvez alguma quebra de pré-conceito ou algum conceito já formulado. Nada passional ou emotivo, tem haver com razão mesmo, sem romantismo [como se eu fosse romântica ao extremo né]. Quero manter esse "estado" quando voltar a Maceió, independente de na embalagem vir escrito Dani ou Beny.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

BUENOS AIRES 2011: 6ª atualização

Resolvi vencer minha preguiça hoje e vim escrever, nossa, no domingo não toquei no blog porque estava destruída de cansaço por causa da oficina, mas tá sendo muito bom, muito gratificante, nunca pensei que fosse me identificar tanto com uma proposta de treinamento voltada para o psico-físico, o importante agora é saber como dar continuidade nesse tipo de treinamento com responsabilidade e coerência, já que, infelizmente em Maceió nem sempre fazemos as coisas da forma mais centrada.

Espetáculo "Pezones Mariposa"
As escolhas teatrais desse fim de semana foram mais felizes que da semana passada. Na sexta-feira, só pra variar fui no Camarin de las musas, assistir "Pezones Mariposa" que é sobre um antigo astro do futebol que agora toma conta do bar do clube e quer a todo custo transformar seu filho em jogador de futebol. Embora o tema não me interesse o bom de ter assistido foi poder prestar atenção em algumas tendências do teatro argentino, quase eles não usam bandoors para fazer cortes de luz e optam por uma cenografia e figurinos tendendo pra o realista, não é o que eu gosto, mas quando bem feito tem que se admitir que fica bom.

Espetáculo "Lamartine Babo"
Agora o que fez o fim-de-semana ser inesquecível foi justamente um espetáculo brasileiro "Lamartine Babo" do CPT, gente, o espetáculo é simplesmente LINDO, não tem outra palavra pra definir, muito bem cuidado, bem feito, primoroso, e os atores/atrizes, enfim, sou suspeita pra falar qualquer coisa, porque desde a primeira vez que eu vi um trabalho do CPT me apaixonei. Os atores cantam, e parecem não fazer nenhum sacrifício, na verdade nem parece que respiram. Não são murchos ou vazios em cena, nossa, qualquer pessoa que tiver a oportunidade de assistir, eu não só recomendo como digo que é uma obrigação pra gente inclusive refletir o que nós estamos fazendo com o teatro.

Na fila do espetáculo conheci dos brasileiros, Luciana e Fábio, ela estudante de Literatura e ele de Teatro, brasileiro tá espalhado mesmo por aí, tava conversando com eles que eu acho que o brasileiro se sente menos latinoamericano só porque fala português, mas isso é uma grande bobagem, acho que do México pra baixo somos todos passionais, bregas, receptivos, exagerados, corpóreos, vibrantes... o português acaba se tornando um fator que nos separa um pouco do restante da Latinoamerica. Não acho no geral o brasileiro muito diferente do argentino não, somos mais bonitos, só isso [brincadeira, brincadeira].
Bom, pra fechar a noite de Sábado, fui pra balada, é difícil não sair, a rua te chama, a rádio te deixa instigado, dessa vez fui conhecer a Sitges, também balada GLS, também bacana, mas bem menor que a Amérika, para quem é de Maceió e é da mesma geração que eu [me senti a velha agora], o espaço lembra muito a finada Number One Disco Bar [ou People in Transe durante seis meses], diferente da outra saída pra boate, dessa vez fiquei no zero x zero, a Sitges é mais pra ir com turma, ir sozinha é meio chato mesmo, como tem muita mesa sobra pouco espaço pra dançar. Mas valeu a pena, vou ver se esse fim de semana eu me jogo em algum lugar mais "específico".

Ah, sem declarações de amor hoje!!!!



quarta-feira, 11 de maio de 2011

BUENOS AIRES 2011: 5ª atualização

Ok, a foto tá desfocada,
mas eu gostei mesmo assim,
afinal eu tava meio desfocada
hoje mesmo.
Gente gente, meu humor tá oscilando tanto que até parece que eu voltei a tomar sibutramina [era sob orientação médica tá, mas mesmo assim eu não recomendo a ninguém]. Sem contar que hoje pela manhã acho que a gripe tentou me pegar, dor de garganta, dor de cabeça e um enjôo constante que eu juro que se tivesse possibilidades de estar grávida esse seria o momento de entrar em pânico, histeria e chiliques afins. Tomara que o chá de canela me ajude a segurar a onda.

Estar longe de casa mexe com tudo, principalmente com o emocional, hoje me bateu um quase pavor no metrô, metrô lotado já enfrentei centenas de vezes morando em São Paulo, mas hoje fiquei um tanto assustada, acho que juntou tudo, estar longe de casa, ser outro idioma, estar frio, estar com o corpo meio mole, enfim, mas agora tá tudo bem, é só evitar os horários de pico.

Antunes Filho me deu um bolo hoje, o CPT está aqui em Buenos Aires e ia rolar um bate-papo pedagógico com ele que acabou não acontecendo, não sei porque, mas infelizmente fica pra próxima - tudo bem, eu perdoo ele [pena que não vai dar pra fazer invejinha a Marco Antonio], então eu tinha que arrumar alguma coisa pra fazer pra não pegar o subte lotado as 19H. Fui ao cinema.

O nome do cinema: Cine Lorca, o nome do filme "El gato desaparece" nem sei se eu gostei ou não, acho que gostei sim, mas o cinema é uma graça, cara de lugar decadente dos anos 60, me sentia entrando numa locação de algum filme do Kubrick, as paredes creme, as cadeiras vermelhas e um cheiro de quarto de motel [que fique bem claro que seria um quarto limpinho, com toalhas e lençóis trocados]. Bom, entrando lá me lembrei do finado Cine São Luís, da Rua do Comércio em Maceió, nossa, a maioria dos filmes dos Trapalhões foi lá que eu assisti, pelo menos virou outra forma de comércio que não Igreja Evangélica [me desculpem os evangélicos].

Na volta pra casa foi comer sashimi porque ninguém até pode ser de ferro, mas eu não sou, fui ao Shopping Abastro, nossa, foi a segunda vez que fui lá, e não tinha reparado que o público era tão gay, ADORO, tava sentindo falta de ambientes mais leves e que pudesse fluir com mais facilidade. Mas voltando ao assunto, claro que sushi, sashimi e adjacentes me lembram muita gente, mas hoje quem me veio à cabeça foi minha querida amiga Carol... principalmente pelo monte de coisas que conversamos por MSN.

Ok, a postagem de hoje foi pequena... só tava precisando falar um pouco mesmo. É isso, agora é focar!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

BUENOS AIRES 2011: 4ª atualização


Nossa, essa semana foi uma semana bastante difícil pra mim em vários aspectos, primeiro porque me deu uma angústia e uma vontade de voltar pra Maceió que foi uma coisa que me deixou metade da semana meio desestabilizada, mas isso sempre acontece, tô com saudades da minha família, dos meus amigos, com milhares de ideias na cabeça e uma coisa chamada TPM que realmente me abala.

Praça atrás do Teatro Colón
Essa semana já começou difícil quando eu tentei visitar o Teatro Colón, mas gente, que coisa complicada, senti um certo despreparo dos funcionários ao prestarem informações a turistas que não tenham mais 65 anos nem sejam estadosunidenses ou europeus, na verdade o que eu senti mesmo foi um certo desrespeito (ignoro o motivo realmente) ao me prestarem informações, não sou muito de reclamar ou me vitimizar, mas eu não aconselho ninguém a visitar o local, exceto que você preencha os pré-requisitos anteriores. Bom, pelo menos eu visitei uma praça por trás do Teatro, que é onde rolam alguns ensaios da Orquestra.

Os dias passaram, sem grandes novidades aqui em terras portenhas, muitas ideias na cabeça, muita coisa que quero realizar, mas aí vai ser quando eu voltar para Maceió porque dependem da minha presença, porém nesses dias de marasmo, segui o conselho de nossa queridíssima amiga-atriz-devassa Ivana Iza e fui visitar El Ateneo, a livraria que funciona num antigo teatro, o lugar é mágico, lindo mesmo, assim que você entra dá de cara com um teto pintado com figuras mitológicas [eu acho] e você sente o quanto isso é especial, o quanto aquele lugar é especial, pena que não consegui tirar nenhuma foto boa do teto, mas estar num lugar sagrado que é um prédio teatral, que se transformou num acesso à preciosas fontes de conhecimento, nossa, não tem como descrever.

Espetáculo "Los Cordeiros"
Minha semana continuou difícil na Sexta-feira, fomos [Ana Woolf, Natália Marcet, Cecília Ruiz e o marido dela que eu esqueci o nome] assistir um espetáculo chamado "Los Cordeiros", não é julgando o trabalho de ninguém, cada um faz aquilo que lhe apetece, mas com o apoio financeiro que o espetáculo teve era pra ser outra coisa, meu maior problema era entender o que os atores falavam, eu pensava que é pelo fato de ser brasileira, mas até mesmo os argentinos com quem eu fui assistir o espetáculo não conseguiram entender muita coisa, logo, algo de errado não estava certo. Nada além de grito e histeria, nenhuma mudança de luz, nenhuma transição, NADA. Medo de coisas assim, mas o local de apresentação é uma graça, um antigo galpão que foi transformado em teatro [como a maioria dos daqui] o Teatro Timbre4 possui uma sala grande, bem equipada e tem dois prédios próximos, eu fui no prédio da Calle México, gostei bastante do espaço, embora a peça tenha me feito pensar que aqueles tinham sido os AR$30 mais mal gastos até agora. A vantagem é que teatro também serve para socializar, então vamos a parilla.


Espetáculo
"Bernarda Alba al desnudo"
Abaixo, Teatro Arlequino
A segunda má escolha do meu fim de semana, MEDO, PAVOR E PÂNICO, "Bernarda Alba al desnudo", eu defino como APELAÇÃO, o texto quase se mantém como o original, tem atrizes boas, outras ruins, Bernarda e Poncia são feitas por atores [ficou bacana, eu gostei disso], mas as aparições dos meninos nus no meio de algumas cenas fez com que eu tivesse vontade de fazer duas coisas: ou rir ou jogar um sapato neles, quebrava totalmente o clima, mas enfim, pelo nome eu deveria ter desconfiado dessa armadilha, mas juro que quando li ao desnudo não achava que fosse no sentido literal. Essa já é a segunda versão que eu assisto de "A Casa de Bernarda Alba", nossa, eu gosto muito desse texto e sinceramente acho que tô ficando com medo de assisti-lo, bom, um dia eu desapego. O Teatro Arlequino, tem uma carinha de decadente, mas eu achei charmoso, não sei o que me encantou no lugar, palco de tamanho bom, acústica boa, gostei das acomodações pra plateia, de todos os que eu fui até agora é o mais confortável.

Bom, pra passar um pouco dessa minha frustração, fui a um lugar na Plaza Serrano em Palermo Soho, o Complejo Brujas Madagascar, lugar de gente jovem e descolada, nada com cara de lugar pra turista, um disco-bar bem bacana, pra mim meio complicado de paquerar, mas gostei do lugar, só é chato pra ir sozinha, e nessas horas é que a gente lembra dos queridos amigos, e quando o assunto é gente jovem e descolada com com copão de Quilmes não tenho como pensar noutra pessoa que não minha querida amiga Pam do Estúdio Máquina de Ideias .


Bom, o fim de semana terminou bem, encontrei amiga-performer Charlene, que passou breves seis horas em Buenos Aires enquanto esperava pra voltar pra o Rio, depois de participar de um festival na cidade de Rosário, além da felicidade de reencontrar uma amiga muito querida e poder falar português com quem fala português, considero encontros desse tipo preciosos pela possibilidade de troca de informações e impressões, nosso material de trabalho é a vida em si, teatro é isso, é o que nos circunda e não tem como ignorar a preciosidade de nossas experiências cotidianas. E estar deslocada da minha cidade natal para ter essas conversas, acrescenta ainda mais o nosso contexto e situação de vida, é justamente com Charlene que tenho essas conversas mais edificantes, claro que tenho conversas assim com outras pessoas, mas nós não nos encontramos em Maceió, estamos sempre em trânsito, e esse trânsito me faz pensar que a acomodação e comodidade não são ações, ou melhor, falta de ações que acrescentem ao fazer teatral, se nem a ostra tá parada porque nós artistas estaremos... minha frase pra Charlene na despedida da gente depois de longos papos foi: "A gente se encontra por aí em algum lugar do mundo..." e eu quero poder repetir isso pra várias outras pessoas.

No Subte Línea A,
a linha de metrô mais antiga
da América Latina

Ah, antes que eu esqueça do fato histórico da Quinta-feira passada, tenho que registrar aqui a minha felicidade pelo RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA pelo STJ, independente de orientação sexual essa foi uma vitória da cidadania, dando a todos a equiparidade de direitos, já que os deveres e impostos são os mesmos, eu realmente não acreditava que a minha geração [e eu também, claro] tivéssemos acesso à um direito agora assegurado por lei. Na minha opinião, era um absurdo um país como o Brasil, repleto de diversidade cultural, de proporções continentais ainda não haver aprovado essa lei, se deixando influenciar principalmente pelas manobras políticas de uma pseudo-maioria que teme qualquer tipo de manifestação social que fuja do seu controle.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sem profundidade...

Quero ver o fundo do rio
Quero cruzar andando até a margem,
Quero ver onde são os desvios
Quero ver onde vai dar a viagem...

Ver meus pés [não] fazerem rastros na areia
Caminhar lento sem peso fluente
Ver meus pés cruzando vidas alheias
Caminhar lento sem peso pra frente,

Estar no raso, sem correnteza, sem profundidade
Mas ao mesmo tempo não estar sem vontade
Vontade de respirar, vontade de oxigênio
Vontade de urgência.

Vontade que passe o que tem que passar
Vontade que fique apenas o que me pertencer,
Que eu atravesse as pontes, as praças, os parques, las calles,
Mas que eu saiba onde fi[n]car.

sombra e grama

domingo, 1 de maio de 2011

BUENOS AIRES 2011: 3ª atualização

Ok ok, doce ilusão a minha achar que eu só atualizaria o blog semanalmente, acho melhor escrever as coisas a medida que forem acontecendo, fica mais fácil de organizar as ideias, tanto porque meu final de semana desde Quinta foi bem movimentado, e bote movimentado nisso... então comecemos pelo começo, porque essa postagem vai ser imensa.

Pela primeira vez na minha vida eu desmaiei, pois é, tive uma hiperventilação durante a aula de Ana Woolf, nossa, juro que me assustei, mas o treinamento tá sendo incrível, nessa Sexta só eu fui pra o treinamento, então tive a oportunidade de ter aula com ela sozinha, tudo bem que no outro dia eu não consegui acordar, mas nunca tive tanta consciência do meu corpo quanto naquelas três horas, recomendo para todas as pessoas de teatro, porque a sensação de que sua voz está literalmente saindo pelos cotovelos é uma coisa impossível de se explicar.

Espetáculo "Lisboa - el viaje etílico"
À noite fui assistir "Lisboa - el viaje etílico", no Teatro del Pueblo, um teatro localizado no subsolo de um prédio próximo ao Obelisco, o teatro foi fundado em 1930 e é uma graça, essa sala que eu conheci possibilita que se tenha público em três lados da plateia porém tem outra com palco italiano que eu ainda não fui, quando ao espetáculo, duas coisas me chamaram muita atenção, primeira é que tem duas atrizes e um ator que cantam que é uma loucura e a outra que me saltou aos olhos é a preparação corporal de uma das atrizes, nossa, as mudanças de estado da personagem eram feitas por pequenos deslocamentos de coluna, dos músculos das costas, nossa, eu fiquei impressionada. Muitas coisas me incomodaram, mas acho que não vem ao caso tratar daquilo que não se gosta.

Uma das sala do Teatro del Pueblo

No Sábado eu até quis, mas não tive como acordar, por causa do treinamento da Sexta e do espetáculo que terminou depois da meia-noite, eu estava muito cansada, mas cansada demais, Sábado tinha tudo para ser um dia morto, o dia até podia ser, mas a NOITE...

Comecei minha maratona depois de fazer compras [ok, o lado bom de morar noutra cidade e sozinha é que eu me sinto um pouco mais adulta pra essas coisas], voltei pra casa, olhei os milhares de panfletos que tinha e escolhi as duas pedidas da noite, troquei de roupa [basicão: movimento calça justa, regata preta, blusa branca de botão por cima, jaqueta, All Star azul e mochila], primeira parada da noite: Subte Línea E, estación Belgrano.


Banner do espetáculo
Fui ao Centro Cultural Caras y Caretas assistir "Como si fuera nadie", só um casal em cena, um homem e uma mulher, falando de coisas banais, não bobagens, coisas que se vive, coisas que são de extrema dificuldade de serem ditas num teatro, na verdade, num espaço cênico, porque o espetáculo se passa numa praça, mas o espaço usando foi uma parte do corredor de acesso à outras salas, com iluminação teatral e tudo mais, tudo muito simples, mas a simplicidade necessita de uma capacidade de elaboração imensa. E eu achei extremamente louvável.

Espaço onde foi apresentado o espetáculo
Antes de começar o espetáculo fui a um café pra dar o tempo necessário pra o começo, cheguei numa praça em San Telmo que tem a Mafalda das tirinhas de jornal sentadinha num banquinho, da outra vez que vim a Buenos Aires a fotografei, bom, vendo aquela cena inusitada da Mafalda me olhando enquanto eu tomava um café e pensava nas coisas, não tive como não pensar em Rose, embora eu saiba que ela não vai ler esse blog postei minha declaração de amor pra ela também.

Espetáculo "Mujer armada
hombre dormido"
Terminado o espetáculo fui louca pra o Subte pra me encaminhar para o agradabilíssimo El Camarin de las Musas, Sábado a noite aquele lugar bomba mesmo, mas não gostei do espetáculo que fui assistir, "Mujer armada hombre dormido", na verdade não consegui entender direito, as histórias se cruzavam e eu não consegui ver onde era o ponto de intersecção delas, essa é a desvantagem de assistir espetáculos em outro idioma. O lado bom é que assim eu conheci a outra sala de lá, essa é maior, realmente lembra muito os teatros da Praça Roosevelt em São Paulo.

Pré-balada, pulinho no hostel
só pra deixar a mochila
Então, já era meia-noite e meia, eu me sentindo bonita, de bem comigo mesma, escutando rádio onde só rolava música eletrônica, tava louca pra sair pra dançar, pois é, eu que quase nunca saio sozinha pra balada fui SOZINHA me jogar na noite, tudo bem que o primeiro "boliche" [é assim que os argentinos chamam as boates, bares, sinucas e adjacentes] que eu fui tinha virado clube de strip-tease, tomei um táxi semi-derrotada para voltar pra o hostel, até que tive coragem de perguntar pro taxista se ele conhecia alguma disco gay-friendly, a resposta: "SI, CLARO! PARA CHICOS O PARA CHICAS!", seguimos pela Avenida Corrientes, o primeiro lugar onde paramos eu não me agradei nem da fachada, fomos para a outra opção...

AMERIKA, gente, tem de tudo um pouco, a entrada tava AR$75,00 open-bar, ok, tomei um gin com tônica no começo da noite, depois duas garrafas de água mineral e depois uma coisa chamada 7º Regimiento (que leva whiskey, vodka e mais um monte de coisa) pra tomar coragem. Em relação à música, toca desde os batidões do Planeta DJ da Jovem Pan, até os sons mais daqui, sim, tocou Xuxa em espanhol e Daniela Mercury. 

Dessa vez, mesmo viajando, não tive erro de chip, pras meninas que não querem ficar com ninguém fica a dica que os caras daqui são beeeeeeeeeeeeeeeeeem insistentes, conseguem ser inclusive mais chatos do que os bêbados de fim de noite que acham que só porque é mulher você tem a obrigação de ficar com eles, nessas horas me serviu linda até o gerente do hostel achar que eu me chamo Fernanda, ele e os cinco que eu tive que dar um toco falando pouquíssimo de espanhol acham isso agora.

Porém, por causa de um desses tocos eu saí do meio da pista e fui pra o primeiro piso e lá pelas 4H20 as coisas começaram a mudar, porque assim que eu cheguei na boate chegou uma figura interessante, do meu número, que eu olhei mas (como sempre) nem fiz nada, depois a mesma coisa na fila da chapelaria, enquanto eu tava na pista eu segui observando mesmo de longe, estando no primeiro piso seria teoricamente mais fácil, mas quando eu cheguei a figura não estava mais lá, poucos instantes depois ressurgiu com um amigo que intermediou toda a conversa, agora imaginei a situação: EU (fator complicante de paquera) + SÓBRIA (fator mais complicante de paquera) + TENDO QUE FALAR OUTRO IDIOMA (fator que quase impossibilita uma paquera) = ... deu certo... encontrei o amor da minha vida dessa semana. Demorou duas horas pra eu chegar, mas de algum modo, mesmo com ajuda eu cheguei, afinal eu fui doida suficiente pra dizer "El problema és que yo no hablo español, no se como dicier que queiro besar quien está adelante de mi"

Tenho certeza que meu querido amigo Maurício teria ficado muito orgulhoso de mim, afinal, durante a semana eu passei o tempo todo consumindo o juízo dele, dizendo que não sei sair sozinha pra esse tipo de lugar, que não sei paquerar [continuo não sabendo, mas tudo bem] e estando na balada não tinha como não pensar nele...