sábado, 5 de março de 2011

O que era dessa vez.

Acordou, um dia comum como outro qualquer, mas uma súbita felicidade habitava seu coração, não sabia porque, não sabia o que era dessa vez, sentia, sabia que algo se aproximava, não tinha naquele momento nenhuma pretensão romântica, não tinha olhos para essas coisas, seu pensamento estava centrado no egoísta "eu" de sempre, que fora esquecido alguns anos atrás.

O dia estava frio, chuvoso, ventava muito, queria sentir o calor do rosto da sua cidade natal, mas estava disposta a fazer o que tinha que ser feito, buscar o conhecimento, explorar outros territórios e voltar com a bagagem cheia de recordações e um sentimento de transformação brando.

Continuou seguindo rua abaixo, rodovias, carros, caminhões, viadutos, rotatórias, e um breve caminho de trinta minutos. Pensava o que se passava dentro de seu peito. Na noite anterior tinha sonhado com o improvável, sabia que era na verdade o impossível, mas até que chegou a pensar naquela possibilidade como o motivo que alegrara seu coração, mesmo assim não deu muita importância, afinal, tinha milhares de coisas para pensar, resolver, formular ou apenas se permitir viver... viver, era isso o que mais queria.

Os pés calçados porém gelados continuavam seguindo o mesmo caminho pela última vez com esse intuito, encontraria ali muita gente que provavelmente nunca mais encontrará na vida, aquele sentimento que trazia no peito não era nem melancolia nem saudade, ia além disso... era o que estava por vir... e sabia que estava por vir...

Sempre que se apaixonava, ou perdidamente ou com parcimônia, sentia isso, uma quase angústia, que ao mesmo tempo era tão gostoso que preferia esse frisson a própria paixonite futura... sabia que não era alguém, sabia, tinha certeza, porque sabia que depois de um final complicado, os inícios demoram mais, sabia que para surgir esse novo alguém precisaria que pelo menos quatro luas cruzasse o céu... e com o céu fechado nem dava pra ver a lua.

Lembrou que estava aguardando uma boa notícia confusa, na verdade conflituante, mas se sim seria uma boa notícia, se não, seria apenas um não, o que não mudaria em nada sua vida, afinal, um não todo mundo tem quase o tempo todo...

Sim, a resposta foi SIM, não em caixa alta, mas mesmo assim foi um sim. Ela não sabia o que fazer, justamente por se tratar de uma boa notícia conflituante... então ela entendeu... não era o amor... eram as possibilidades...


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