sábado, 28 de julho de 2012

Em mais um Vértice Brasil


Não é novidade pra ninguém que eu trabalho com teatro e o quanto ele é importante na minha vida, pois bem, aproximadamente há doze dias estive em Florianópolis participando do festival Vértice Brasil - o mesmo que participei em 2010, que deu uma oxigenada na minha vontade de fazer teatro e que está diretamente vinculado a rede Magdalena's Project , que visa discutir o teatro feito por mulheres - e eu aconselho às mulheres que fazem teatro acessarem o site, por um motivo muito simples: NÃO ESTAMOS SOZINHAS e a base de nosso trabalho com arte é a vivência e troca de experiências e é exatamente isso que os festivais da Rede Magdalena's nos proporcionam

Bom, esse ano foi tudo muito diferente (pra mim) porque obtive apoio do Ministério da Cultura para participar do evento - e isso pra mim significa reconhecimento do meu trabalho e empenho nos últimos dois anos - e também porque posso dizer que lá obtive resultados concretos e possibilidades de intercâmbio bem interessantes.

Melhor do que ficar falando é postar logo meu pequeno texto sobre mais essa experiência.

Leves Pés em Terra Firme.

Leveza e Pé no Chão, eis que este foi o lema do Vértice 2012: T(i)erra Firme, e posso dizer seguramente que reverberou em tod@s nós participantes, seja pela primeira, segunda ou terceira vez. Essa combinação de forças faz com que os sonho se realizem com mais amabilidade e determinação.
Minha alegria, além de rever rostos conhecidos e conhecer novos rostos, esteve principalmente no auto(re)conhecimento, seja na oficina que me colocou em movimento ou na que me tirou da estagnação. Acredito que tenha aproveitado melhor o Vértice 2012 que o 2010, claro que tem que se levar em conta o amadurecimento, vivências e todas as transformações que ocorrem ao longo do tempo, agora tudo tem mais clareza – digo isso em relação ao entendimento do que se trata o Magdalena’s Project e dos seus desdobramentos, e aqui tenho que concordar com Luciana Martuchelli ao dizer que não se pode mesurar o impacto da rede na sociedade, mas que sabe muito bem o que o Magdalena’s  fez por ela, e vejo que isso se aplica a muit@s d@s que participaram.
Essa clareza/leveza uniu mais de 70 pessoas (entre mulheres e alguns poucos e muito bem-vindos homens) em praticamente 13 horas de convívio ao longo de 07 dias, talvez, num outro formato de festival ou com outra finalidade fosse muito complicado manter a harmonia, mas é enriquecedor em cada mesa durante as refeições haver uma conversa e um universo de assuntos tão distintos, derivações e fragmentos das vidas daquelas mulheres e homens reunidos ali, é uma experiência que vai para além do teatro, é uma experiência que trata da humanidade, trata daquilo que nos compõe, das nossas mães, nossos filhos e filhas, companheiros e companheiras (de vida e de palco).
 Se não fosse algo maior que o teatro em si isso dificilmente ocorreria, que seja uma “reunião de bruxas”, mas que foge do campo do racional entrando para o intuitivo, o contato com a Terra, a proximidade que tivemos dessa vez com o Mar, com o ancestral, com a Deusa interior, com o arquétipo das mulheres postas em cena, seja com personagens, atrizes ou performers... Vilãs, “vítimas”, guerreiras, guerrilheiras, deusas, humanas... MULHERES que esperam, que desejam, que envelhecem, que não-envelhecem, que descobrem o amor, que descobrem a amizade ou que apenas chegam onde querem.
Nós, mulheres e nossas particularidades, na escrita pessoal, no cruzar de fronteiras, no momento presente, com os olhos grandes, bem abertos para a capacidade de transformação e a noção de que mesmo que eu não possa mudar o mundo, posso começar comigo, me aperfeiçoando, aprendendo, compartilhando. E foi o que fizemos nas salas de trabalho e nos momentos de “ócio”, unindo, comungando de desejos e aspirações/inspirações, dançando em círculo, sorrindo pelo comprido “dever” cumprido. E eu, Daniela Beny, novamente, só tenho a agradecer pelo mundo que sempre se abre diante dos meus olhos e pelo caminho que se apresenta.

Daniela Beny
Atriz e Dramaturga – Invisível Companhia de Teatro (Maceió/AL)
Maceió, 20 de Julho de 2012.

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